Não te escreverei uma carta
por me dizeres ,leitor,
“escreve”.
Sequer escreverei uma carta
para a enviar jamais.
Não escreverei “amor”
no que não tenho
para dizer
dos meus segredos
dos meus "ais" ,
da dor , do calor
coisas que tais...
No sem porquê dos meus actos
há um correio
vagabundo de palavras,
não há factos.
Um carteiro no seu tempo baralhado,
um guiché,um cliché,
tão perdido como achado
na correria do mundo.
Se o receberes
não o abras!
No que leres
o que penso pouco importa.
No momento em que eu o digo
já foi lido,é já ido
nem sei o número da porta...
Chamarei "carta" ao meu destino
que a ti é remetente
sem o ser
pois , como eu,
tu não és nada .
E com esta língua calada
fá-lo-ei , assim mesmo,
acontecer
e colarei
dentro de mim
com a saliva
que me resta
o selo da vida amada
a estampa da imagem de um rei
que a palavra
só me empresta,
mais nada,
mais nada.
Ler mais: http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=170741#ixzz1HtT2vQYx
Under Creative Commons License: Attribution Non-Commercial No Derivatives
por me dizeres ,leitor,
“escreve”.
Sequer escreverei uma carta
para a enviar jamais.
Não escreverei “amor”
no que não tenho
para dizer
dos meus segredos
dos meus "ais" ,
da dor , do calor
coisas que tais...
No sem porquê dos meus actos
há um correio
vagabundo de palavras,
não há factos.
Um carteiro no seu tempo baralhado,
um guiché,um cliché,
tão perdido como achado
na correria do mundo.
Se o receberes
não o abras!
No que leres
o que penso pouco importa.
No momento em que eu o digo
já foi lido,é já ido
nem sei o número da porta...
Chamarei "carta" ao meu destino
que a ti é remetente
sem o ser
pois , como eu,
tu não és nada .
E com esta língua calada
fá-lo-ei , assim mesmo,
acontecer
e colarei
dentro de mim
com a saliva
que me resta
o selo da vida amada
a estampa da imagem de um rei
que a palavra
só me empresta,
mais nada,
mais nada.
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