sexta-feira, 25 de junho de 2010

acordar

e a luz feriu-lhe os olhos.acordou-lhe a pele em carne viva.impunha-se-lhe enorme,como uma estrada negra de sentido único,uma faca branca,crua e afiada.sem piedade,o tempo dava as mãos à rotina accionando o guindaste invisível,a engrenagem imparável.pendurada por cabos,dobrou os joelhos,forçou as articulações e sustendo o peso do corpo desdobrado,contrafeito,iniciou a respiração consciente.cada inalação pisando-lhe o peito,hematomas invisíveis marcados a cada movimento lento.
depois era preciso andar.olhar-se no espelho.lavar-se.vestir-se.comer...falar.


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